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Foto do escritorVanessa Bonafini

A nossa história começa com a história dos nossos pais



Herdamos muita coisa da nossa família, e bem mais do que pode pensamos à primeira vista. Para além da nossa aparência. A forma como sentimos, e gerimos emoções é uma combinação das nossas experiências de vida, com a herança dos nossos antepassados, que fica guardada no nosso inconsciente.


Entendemos de que forma é que as vivências e as dores dos nossos antepassados, interferem no nosso dia a dia, na imagem que temos sobre nós próprios e em como nos relacionamos com os outros, é o primeiro passo para deixarmos de viver presos a dores que não nos pertencem.


Quando olhamos para trás, e pensamos sobre toda a nossa vida, conseguimos entender o impacto que a relação com os nossos pais teve em nós, e nos tipos de relações que estabelecemos com os outros hoje em dia. Conseguimos entender que, quando temos pais ausentes, ou agressivos, temos dificuldades em confiar nos outros, e ter relações saudáveis. Se pelo contrário, os nossos pais eram presentes e carinhosos, também conseguimos entender que naturalmente procuramos relações semelhantes a essa, na nossa vida adulta.


Contudo, o papel que os nossos pais tem na forma como nos sentimos, e gerimos as nossas emoções, começa muito antes da relação que tivemos com eles durante a nossa infância.


Isto porque, a nossa identidade e a forma como gerimos as emoções está presente na herança genética que recebemos dos nossos pais,, não no nosso DNA, mas na nossa memória e inconsciente.


E esta herança emocional que recebemos, molda-nos ao ponto em que acabamos por repetir estes padrões disfuncionais, ou ansiedades e traumas que não foram vividos por nós.


Ao longo dos anos, vários especialistas deram diferentes nomes a este fenómeno. Freud chamava-lhe “alma coletiva da família”, Carl Jung “inconsciente coletivo”.


Esta corrente da psicologia defende que o legado psicológico que nos é passado pela nossa família, como os traumas que são passados para o nosso inconsciente, podem ser transmitidos durante sete gerações, mesmo que não exista socialização com esses antepassados.


Para além disso, demonstrou-nos também que existem repetições de padrões relacionais, tanto positivos como negativos, que repetimos de forma inconsciente. E este padrões estão presentes em nós, através de mecanismos que vão muito para além da nossa experiência ou memória.


Embora ainda não seja claro como é que isto acontece, acredita-se que estas informações sejam transmitidas para nós através de marcadores epigenéticos, presentes no nosso DNA, que através das nossas vivências podem ser ativadas.


Quando não estamos conscientes da herança psicológica que recebemos da nossa família, podemos passar a vida inteira a repetir padrões, ou a experienciar sinotmas de traumas ou ansiedades que não foram vividos por nós. A forma como estes interferem na nossa vida, depende do que foi herdado.


Por exemplo, se a nossa mãe tiver vivido uma situação complicada de maus tratos ou violência, é possível que tenhamos dificuldades em estabelecer relações saudáveis, na nossa ida adulta. Isto porque, ou temos dificuldade em confiar e permitir que os outros entrem na nossa vida, ou pelo contrário, procuramos insonscientemente relações que alimentem esse padrão abusivo.


Por outro lado, uma criança cujo o pai tenha um comportamento abusivo com o álcool, tem maiores probabilidades de desenvolver alcoolismo, mesmo que nunca tenha tido contacto com o progenitor.


Para além da forma como nos relacionamos com os outros, herdamos muitas ideias, valores, normas, preconceitos etc., que muitas vezes entram em conflito com a nossa forma de ver o mundo, os outros, e até a nós mesmos. Toda esta informação está guardada em nós e chegou-nos através de vários veículos, várias situações e episódios dos quais, por vezes, nem guardamos memória.


O trauma tem o poder de ecoar do passado e fazer novas vítimas.


Tenhamos consciência ou não, nossa vida é profundamente influenciada por imagens, crenças, expectativas, suposições e opiniões internas.


Como nos livrarmos de dores que não nos pertencem?


Enquanto não tomarmos consciência destes padrões que herdamos nos nossos antepassados, iremos continuar a repeti-los na nossa vida adulta. Apenas se entrarmos em contacto com as nossas memórias, emoções, com as nossas crenças, pensamentos e padrões comportamentais, é que conseguimos deixar de viver a nossa vida carregando dores que não nos pertencem.


Precisamos de um espaço para desconstruir toda esta informação presente no nosso inconsciente para a podermos colocar em causa, e decidir o que é que queremos deixar ir. Na grande maioria das vezes este é um processo que não poderemos fazer sozinhos, e por isso é importante procurar ajuda.


Com práticas guiadas e roteiros da Constelação Sistêmica, os clientes podem reconhecer suas feridas mais encobertas e encontrarem a cura. Podemos reprogramar nossas emoções e viver conexões mais plenas em nossas vidas.


E em última análise devemos pensar em o que é que queremos transmitir aos nossos filhos. Isto porque, enquanto não agirmos sobre esta memória coletiva, e não decidirmos quebrar o padrão, ele continuará a passar, de geração em geração.










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