Abordagem Holística

A crescente compreensão da conexão mente-corpo está começando a mudar as abordagens tradicionais para a saúde e a doença, ou seja, o dualismo mente e corpo que dominou a medicina ocidental por vários séculos. Em particular, o câncer, convencionalmente considerado a doença mais orgânica, está sendo visto através das lentes da medicina holística, dedicada a todo o paciente, corpo e mente. É um fato pouco conhecido que a teoria de Carl Gustav Jung influenciou a psico-oncologia, um campo que examina o papel das emoções e experiências de um paciente com câncer nos mecanismos fisiológicos associados ao câncer.

Jung, um psiquiatra suíço, foi um dos primeiros psicanalistas. Sua contribuição para a compreensão dos aspectos médicos e biológicos do ser humano tem sido substancial, embora seu trabalho nessa área não seja bem conhecido, mesmo entre os praticantes junguianos. Na verdade, Jung, mais conhecido por uma orientação filosófica da psicologia de profundidade, tinha uma visão monista, fornecendo argumentos seminais para o problema mente-corpo. De fato, a carcinogênese (a formação de câncer) é atualmente atribuída às interações entre fatores de risco biológicos, psicológicos e sociológicos de uma maneira que não se encaixa no dualismo.

A teoria de Jung serviu de base para o primeiro trabalho sobre câncer no campo da medicina holística moderna, Um estudo psicológico do câncer, publicado em 1926 por Elida Evans. Nele, Evans interpretou a psicologia dos pacientes com câncer à luz dos tipos psicológicos de Jung, publicados em 1921. Na época, Evans, ciente de que estava indo contra a postura comumente aceita na profissão médica, coletou “a história emocional do indivíduo”, examinando a história clínica e biográfica de cada paciente.

Reconhecendo que o câncer é principalmente uma doença da segunda parte da vida, Evans conectou a carcinogênese a um processo fracassado de individuação. Evans destacou os aspectos potencialmente destrutivos do inconsciente coletivo, uma entidade geneticamente herdada, afetando a fisiologia e as ideias humanas. A carcinogênese é descrita como um processo de energia regressiva após um evento traumático de perda, após uma vida de renúncia à criatividade pessoal para sustentar relacionamentos.

“Embora o câncer tenha sido visto como uma condição inteiramente orgânica nos tempos modernos, pesquisas recentes apoiam a hipótese de que o câncer pode ser afetado por fatores emocionais”.

Uma pesquisa psicanalítica e comportamental sobre câncer, apoiada pelo psicólogo clínico de Nova York Lawrence LeShan, que argumentou que os pacientes com câncer tinham uma “voação fraca de viver”, sintomática de excesso de adaptação, pelo que futuros pacientes com câncer estavam mais preocupados com as opiniões dos outros do que com as necessidades de si mesmos. Consequentemente, eles viveram vidas direcionadas por outros e apresentaram uma falta de individuação. Além disso, LeShan descobriu que os pacientes com câncer haviam experimentado a grave perda de uma situação ou de um relacionamento.

Embora o câncer tenha sido tradicionalmente visto como uma condição inteiramente orgânica, pesquisas recentes apoiam a hipótese que o câncer também pode ser afetado por emoções.

Embora o estresse tenha sido um fator muito debatido na pesquisa do câncer, evidências mais amplas sugerem que o estresse por si só não resulta em câncer. No entanto, o estresse desempenha um papel no desenvolvimento de doenças, aumentando a vulnerabilidade de um indivíduo a infecções, alergias, condições autoimunes e doenças cardiovasculares, mas não há uma ligação direta entre estresse e câncer.

Uma abordagem holística da medicina olha para um paciente como um ser humano inteiro, corpo e mente em vez de um conjunto de partes físicas, órgãos e sistemas considerados independentes um do outro.