Família. Esse é um conceito estruturante da nossa sociedade. Muito das nossas vidas gira em torno desse tipo de relação e, se pensarmos rapidamente, pode até parecer que há uma definição consensual entre as pessoas do que isso significa.
No fim das contas, se a gente para pra realmente refletir sobre essa palavra que nos diz tanta coisa (e, principalmente em época de eleições, que essa palavra surge pra defender tantas ideologias), a gente percebe que como tudo nesse mundo, existem visões diversas sobre o assunto. Para tentar escrever e refletir melhor sobre “família”, eu perguntei para várias pessoas conhecidas a resposta delas para essa pergunta: Afinal, o que é família pra você?
São as pessoas com as quais estabelecemos uma forte relação de afeto e dependência sentimental, emocional, através de um convívio constante.” Meu pai, minha mãe, minha irmã, meu irmão e minha sobrinha.
O que importa, afinal? Sangue, descendência, divisão de um mesmo espaço, convivência, sentimento ou uma definição construída historicamente, porém, mutável? Cada um irá enxergar o que é família de uma forma diferente e será influenciado mais ou menos pelos moldes criados na sociedade. Mas, o que não me entra na cabeça é alguém achar que pode dizer a outro alguém se o tipo de relação que ele ou ela tem é ou não familiar. Dois homens ou duas mulheres ou homens e mulheres com seus filhos, biológicos ou não, são menos família do que um homem e uma mulher com seu filho biológico?
Pessoas que vivem juntas, independente de gênero, sem filhos, são menos família? Um grupo de amigos que constrói uma relação profunda de troca é menos família? Um homem ou mulher com filho que constrói uma relação com outro homem ou mulher, é menos família? Ou qualquer outra configuração , mas que se identifica como família, é menos família? Eu acredito que não. E o seu animal de estimação? É da sua família?
No fim das contas, eu acredito que o que mais importa é o tipo de relação que se é construída, o sentimento, o dia a dia, o saber que pode contar com a(s) pessoa(s) independente do que vier, o conseguir superar dificuldades pela vontade de estar por perto, a troca. Nem todos têm a oportunidade de ter esse tipo de relação com alguém que tenha laços biológicos e isso não faz dessas pessoas menos família. O importante, talvez, seja tentar responder à pergunta lá de cima, olhar ao redor e identificar quem são as pessoas que trazem a resposta.
Eu acho que vai muito além da sua família de sangue, que muitas vezes pode nem representar mesmo uma família pra pessoa. Acho que está muito mais ligado ao amor, às pessoas que você ama e que te amam de volta, às trocas de carinho, amizade, etc. Faz parte da sua família quem você quer perto de você sempre (mesmo que a pessoa não possa estar).
Quando penso em família, num primeiro momento, pra mim vem de algum laço de parentesco. Não tenho o apego pelos conceitos de ancestralidade e linhagem porque não fui criado com isso. Mas é meio inevitável o laço sanguíneo estar presente no conceito. Tem a ver com amor e respeito mútuos e uma troca de experiência que marcam a personalidade do outro e uma ligação da qual você não tem como evitar considerando esse laço sanguíneo por você ter sido posto no mundo pelos seus pais, uma ligação biológica talvez soe melhor. Entretanto, família ao mesmo tempo é uma relação de troca e convergência de gostos, hábitos, costumes, crenças em comum.
Acho que você pode criar um vínculo com um grupo que não seja sanguíneo e gerar uma nova família, seja ela um casamento, um grupo de amizade, e por aí vai.
Uma família unida é porto seguro. Mas nem todas as pessoas têm o privilégio de compartilhar dessa união. Infelizmente, o mundo é injusto. A maldade está diariamente batendo na nossa porta, o ódio, a raiva, a incompreensão com outro atinge a todos. Até mesmo, em alguns casos a própria família. Sim a família que deveria ser o nosso porto seguro, o nosso cais.
O local pra onde a gente sonha em correr quando tudo lá fora te machuca e te adoece. O colo que deveria acolher quando todo o mundo te julga e te critica. Mas, infelizmente, não é tão fácil como parece.
A vida não é como nos programas de Tv e a realidade é que existem muitas famílias desunidas.
Separadas pelo ódio, pela indiferença, pela falta de amor. Infelizmente, eu tenho vivido isso e não é fácil.
Dói na alma saber que você não tem para onde correr, que ninguém vai segurar a sua mão ou te oferecer uma palavra de conforto. Dói saber que toda a sua luta para ter um lar foi em vão. Que as pessoas não estão dispostas a deixar suas indiferenças de lado. O mundo corrompeu também a nossa casa. Nós não temos mais para onde correr.
Família é quem respeito o outro, compreende suas escolhas, os seus sonhos e fornece o apoio necessário para que cada um siga o seu caminho.
Pode até ser que essas escolhas não estejam de acordo com o que a gente sempre acreditou, mas família é onde a gente pode encontrar consolo e qualquer pessoa que sofra com as críticas do mundo precisa ter para onde voltar. Uma família é uma fortaleza, é o porto seguro onde encontramos a força de que precisamos para seguir em frente.
Por isso, digo e repito, com grande convicção que a família de verdade é aquela que sabe respeitar o espaço do outro, as escolhas do outro, e não nega uma mão amiga e nem um consolo.
Existem muitas famílias por aí que pregam status ,religião frequentam igreja todos os domingo mas não vivem de verdade o amor incondicional. Família é amor, é amar acima de tudo e apesar de tudo.
Família é respeito. Família é união. Família é fortaleza.
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