Desvendamos as principais dúvidas e curiosidades com especialista, sobre a cannabis medicinal para fins terapêuticos ou medicinais.
Com aprovação ainda de forma limitada no Brasil, a Cannabis sativa é uma planta com propriedades medicinais de uso milenar. Especialmente o canabidiol (também conhecido pela sigla CBD) é um dos canabinoides presentes na Cannabis, e está cada vez mais sendo utilizado de forma medicinal.
O canabidiol (CBD), promove a regulação do sistema endocanabinoide, que se relaciona diretamente com sintomas como ansiedade e estresse, sem contar com o benefício para o combate da insônia, pacientes com TDAH e até mesmo na ajuda do Alzheimer.
O uso medicinal da Cannabis é um tema bastante discutido, porém, ainda envolve muitas dúvidas também. Para esclarecer melhor os benefícios, suas aplicações e as formas legais em ter acesso, entrevistamos a médica Maria Klien - Psicóloga, especializada em cannabis medicinal.
1- O que é a Cannabis Medicinal?
Há milhares de anos, a cannabis tem sido uma constante na vida humana, entrelaçada com diversas culturas, usada em rituais dentro de um contexto espiritual e sagrado ou para uso medicinal. Mas sua história é marcada por turbulências, mal-entendidos e proibições. Agora, estão redescobrindo seu potencial, entendendo que, se usada responsavelmente e com a orientação certa, pode ser uma aliada poderosa na busca por saúde e bem-estar.
2- A Cannabis medicinal é usada em todas as doenças da mente ou só no pânico? Pode ser usada também em dores crônicas?
A cannabis medicinal pode ser usada em diversas doenças da mente e do corpo, atuando na epilepsia, Alzheimer, Parkinson, Esclerose Múltipla, Transtorno Bipolar, TDAH, depressão, ansiedade, insônia e também em dores crônicas e oncológicas, entre outros.
3- Em casos de insônia, também é uso terapêutico? Como a cannabis age no organismo?
Sim, a insônia está associada a questões tanto internas como externas ao organismo, e além de deficiências na qualidade de vida, pode levar a sérios problemas de saúde no futuro, como perda da memória, alteração de humor e hormônios, doenças cardíacas, AVC e até câncer.
A eficácia dos canabinóides (propriedades da cannabis medicinal), no manejo dos distúrbios do sono é cada dia mais utilizada na medicina clássica como uma ferramenta eficaz para essa questão. O canabidiol (CBD) e o canabinol (CBN) são dois canabinóides presentes na Cannabis que demonstram potencial terapêutico nesse contexto.
O CBD é conhecido por suas propriedades ansiolíticas e pela capacidade de melhorar a qualidade do sono REM, etapa importante para um descanso reparador. Embora não induza o sono diretamente, o CBD ajuda a modular a liberação da melatonina e da serotonina e a gerenciar a ansiedade, fatores que podem contribuir significativamente para uma noite de sono mais tranquila.
Temos um sistema em nosso próprio corpo que se chama sistema endocanabinóide e é através dele que a cannabis medicinal age. Os receptores deste sistema se conectam aos canabinoides e fazem a homeostase do corpo, ou seja, o equilíbrio que gera saúde.
4- Como a Cannabis ajuda em pacientes com TDAH?
Sabemos que os neurodivergentes não têm a mesma capacidade de produção dos endocanabinóides que os neurotípicos. Há evidências crescentes de que a Cannabis pode ajudar no tratamento de TDAH, por suplementar essa carência da produção interna. As propriedades da planta podem ajudar a reduzir a hiperatividade e a impulsividade, melhorando a capacidade de concentração e o controle dos impulsos
Alguns estudos também mostraram que a Cannabis pode ajudar a melhorar a qualidade do sono em pacientes com TDAH, o que é especialmente importante, já que muitos desses pacientes têm dificuldades para dormir.
Alguns relataram que a Cannabis é uma alternativa mais eficaz e com menos efeitos colaterais em comparação a medicamentos estimulantes, como a Ritalina. A Cannabis também pode ser menos viciante do que esses medicamentos, o que é uma preocupação comum para muitos pacientes e seus familiares.
5- A Cannabis causa dependência? Tem algum efeito colateral?
É necessário esclarecer, primeiramente, sobre a diferença entre vício e dependência química. Como a cannabis não atua no sistema de recompensa, ela não é capaz de causar dependência. Já o vício vem de um contexto mais do comportamento e deve ser tratado com acompanhamento psicológico caso haja necessidade. O que percebo em minha prática clínica é que muitas vezes o uso recreativo da cannabis está sendo usado para suprir alguma carência ou anestesiar algum medo, e nesses casos se faz necessário entender qual é a origem desse vazio. Já no uso medicinal o comportamento do vício não ocorre, pois a dose e a forma de uso são orientadas por um médico de forma segura, restringindo os efeitos colaterais a praticamente nada.
6- Fala-se muito na ajuda do Alzheimer. Pode contar como?
Estudos recentes mostram que a cannabis pode ser uma parte fundamental do cuidado para pessoas com Alzheimer. Ela possui propriedades neuro-protetoras, fator significante que protege as células cerebrais dos danos causados pela doença, como um escudo, ajudando a retardar a sua progressão.
É importante ressaltar que a cannabis medicinal não é uma cura para esse mal. No entanto, ela pode ser uma ferramenta valiosa no arsenal de tratamentos disponíveis, ajudando a melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas pela doença, desacelerando a evolução dos sintomas.
7- Onde e como comprar, precisa de prescrição médica?
Sim, em alguns países, como é o caso do Brasil, é exigida a prescrição médica. A compra pode ser feita através das empresas autorizadas, como é o caso da Nativamed. O paciente entra em contato, envia a prescrição, e o atendimento orienta com relação a documentação exigida pela Anvisa para compra, e envia o link para pagamento do medicamento. Não é nada complexo. No caso da Nativamed, a própria consulta pode ser agendada através do atendimento, caso o paciente não tenha um médico com conhecimento sobre a medicina endocanabinóide.
8- As leis brasileiras autorizam o uso da cannabis medicinal?
No Brasil, o uso medicinal cresce, apesar da proibição do cultivo. Desde 2015, a Anvisa permite a importação de medicamentos. Já foram emitidas mais de 235 mil autorizações, com um aumento expressivo no primeiro semestre de 2023.
Fonte: https://www.revistalofficiel.com.br/wellness/cannabis-medicinal-e-seus-tratamentos-terapeuticos
Maria Klien - Psicóloga, especializada em cannabis medicinal
É a melhor coisa que o meu médico fez por mim, não tenho sintomas depois da quimioterapia, continuo trabalhando e durmo muito melhor do que antes do meu diagnóstico.
Se ele concordar quero continuar após o tratamento, pelo menos para continuar dormindo maravilhosamente bem.
Minha médica falou que isso é uma grande mentira, que cannabis medicinal não existe. Mais eu acho que ela não tem muitas informaçōes no SUS.
Vanessa, tudo bem, você sabe se aqui no Brasil tem como comprar ou como funciona?