Leve a vida, meu mantra após o câncer

Acredito que são as ações, decisões e estado de espírito na vida que podem fazer a diferença.

Recebendo a notícia do meu diagnóstico de câncer em 2011, deixando o hospital após a cirurgia, senti que algo havia sido tirado de mim e um sentimento de solidão se estabeleceu.

Luto, depressão e solidão acontecem com todos. É normal para nós, sobreviventes de câncer. Para lutar contra minha solidão e sentimentos de perda, resolvi virar a chave somente para positividade.

E que fique claro, não é falar sobre meus objetivos que me torna mais forte, é fazer e alcançá-los e além.

Ninguém pode passar a vida sem assumir algum tipo de dor ou trauma. Para mim, eu precisava encontrar o lado bom. Isso mudou a dinâmica de como eu interagi com a dor.

Alguns dias eu nem senti vontade de socializar. Mas para mim, o isolamento me deu mais dúvidas.

Simplesmente pensei, “saia de casa e aproveite a vida, como puder e dá melhor maneira que puder,”eu disse a mim mesmo. E eu fiz. Eu decidi fugir da minha dúvida. É claro que tinha dias não tão bons, eu respeitava meu corpo nesses momentos.

Meu mantra é Assuma a vida. Passei alguns dias ponderando sobre o que realmente pode mudar o mundo. Houve um tempo em que eu vivia minha vida como uma observadora do tempo. Eu vi outros realizarem coisas, que naquele momento eu não poderia, e tudo bem.

Eu era apenas naquele momento, uma mulher enfrentando um problema de saúde, que logo terminaria. Deixando a vida se desenrolar bem diante dos meus olhos, eu tinha o único objetivo de fazer o meu impossível e abandonar todos os pensamentos negativos que poderiam me deixar assustada durante o processo. E segui a risca e muito determinada, meu objetivo.

Se depois da minha descoberta de câncer, alguém me perguntasse “O que você quer da vida?” Eu diria. Quero correr enquanto ouço música pelo resto da minha vida, quero curtir mais momentos em família, aproveitaros melhores momentos ao lado dos meus filhos.

Agora mais velha e mais sábia, quero andar de bicicleta sob o sol escaldante e depois dar um mergulho em uma piscina ou mar. Quero ter tempo para viajar, ler, escrever tudo e qualquer coisa, continuar trabalhando em meus relacionamentos com amigos, família e, o mais importante, meu marido.

Diariamente, continuo sendo grata pela minha própria existência. Levando a vida. À medida que todos nós encontramos desafios que são difíceis de superar, devemos estar preparados e não ser desanimados por eles. É ingênuo pensar que todos nós não podemos ser desafiados diariamente.

Agora eu tenho uma compreensão de onde a corrida começa e a estrada termina. A cultura de muitas pessoas se concentra em tudo o que acontece imediatamente, por isso é fácil se perder e estar com pressa. Desacelere. Assuma a vida, aproveite o percurso.

Eu luto para entender o que e por que tudo isso aconteceu. Aprendi que, para manter uma voz pessoal, você deve assumir a vida e identificar as fraquezas e deficiências que o assombraram.

Aprendi muitas lições ao longo dos anos e, ultimamente, me pergunto sobre a superação de obstáculos mentais.

Não há razão lógica para o câncer, então esqueça de tentar entender o insentido. Não sei até que ponto esses obstáculos ou gastar energia tentando me culpar podem me afetar. O espelho sou eu. É real, não uma reflexão.

Na vida, aprendemos que somos todos diferentes e o que se pensa como uma imperfeição, na verdade, torna cada um de nós único. O câncer muda nossa percepção, e podemos aprender com isso. Eventualmente, eu dominei a desaceleração, estabelecendo metas, não importa quão grandes ou pequenas e levando a vida um dia de cada vez.

É tão simples olhar para dentro de si mesmo e assumir a vida. Seja você mesmo. Você pode chorar, se ver rindo incontrolavelmente ou simplesmente ficar encantado. Lembre-se de que estamos todos em uma jornada pessoal. Apenas aproveite a vida e trabalhe nela todos os dias.